sábado, 6 de outubro de 2012

Vibrações Anti-Histéricas




No final do século XIX, a histeria era usada como diagnóstico genérico para praticamente qualquer tipo de problema que uma mulher viesse a ter e que não pudesse ser explicado de uma maneira pura e claramente física. Nesses primórdios do que viria a ser a psicologia, tal prática ainda era exclusividade de médicos, de modo que, em dado momento, a tal doença se tornou uma verdadeira epidemia. Mais da metade das mulheres da Europa apesentavam algum dos vários possíveis sintomas desse mal, que variavam desde cansaço e depressão até o aumento da libido. Numa sociedade patriarcal e machista, em que não se acreditava ser possível que uma mulher atingisse o prazer sexual sem a penetração do órgão masculino, muitos médicos receitavam às histéricas o estímulo manual da genitália, praticado por um profissional com treinamento especializado para tal tratamento. E foi justamente por conta da fadiga de um desses profissional que aconteceu a curiosa, porém verdadeira, história contada no filme Histeria ("Hysteria", Reino Unido, 2011): a história da invenção do hoje popular vibrador elétrico.



Como a contextualização histórica do filme já foi bastante extensa, vamos passar rapidamente à trama, de fato. O Dr. Dalrymple é um grande especialista no tratamento da histeria e, com o consultório sempre lotado, precisa contratar um outro médico para ajudá-lo. Eis que chega nosso herói, o Dr. Granville, que passa a ser responsável por aplicar as tais massagens íntimas. Com alto índice de sucesso, sua agenda fica lotada rapidamente, e o grande volume de trabalho faz com que ele passa a apresentar sintomas do que hoje seria diagnosticado como uma tendinite ou algum tipo de LER (lesão por esforço repetido). 


É aí que, em uma visita ao um amigo milionário obcecado por equipamentos movidos a eletricidade (na época ainda uma novidade), ele descobre os poderes curativos que um desses brinquedinhos tem sobre seu pulso dolorido e, numa espécie de epifania, percebe que pode adaptar a engenhoca para fazer seu trabalho de forma contínua, com mais eficiência e com menos fadiga. Daí até o sucesso, bastou um pequeno empurrãozinho e alguns gemidos de pacientes satisfeitas com o tratamento para Granville enriquecer e atingir a fama. Seus vibradores logo estavam sendo vendidos a médicos em todo o país e, pouco depois, a nova versão portátil sendo distribuída em toda a Europa. Dizem por aí que até a Rainha ouviu falar do milagroso tratamento e resolveu experimentá-lo...


O longa reúne todos os elementos necessários para ser um ótimo filme. É engraçado, tem excelentes atores, a qualidade técnica é impecável e tanto roteiro quanto a direção funcionam num conjunto perfeito. Garantia de diversão até para os mais pudicos.

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