sábado, 6 de outubro de 2012

Diário de um Banana


É inquestionável que o diretor Matheus Souza entende muito sobre a juventude na qual está inserido. "Apenas O Fim", seu primeiro filme, era uma espécie de "Antes do Amanhecer" na versão Zona Sul carioca. Simpático, o longa nos introduzia a um cineasta que claramente se inspirava nas obras de Woody Allen e Domingos de Oliveira. Agora, quatro anos após sua estreia, Matheus volta ao comando de um longa: Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo com a Minha Vida (Brasil, 2012), uma comédia que segue os mesmos moldes do seu trabalho anterior.

A trama é bem simples e pode ser resumida apenas com o enorme título. Clara é uma estudante de medicina que odeia o seu curso. Entediada e sem rumo, ela mata aulas para ficar perambulando pelo shopping ou fazendo qualquer outra coisa que não seja estudar. O filme inteiro acompanha a saga dessa jovem que pretende achar sua vocação e, ainda por cima, resolver outros tantos problemas de sua vida meio pacata.


Todo o roteiro é apenas uma bela desculpa para o diretor desfilar suas citações e piadinhas cheias de referências no mundo pop. Alguns momentos são engraçados, outros não. O filme cita de "Árvore da vida" até "High School Musical". O problema é que, passado algum tempo, essas referências cansam muito, entrando em extremo desgate. O longa não sabe dosar as suas próprias piadas. A protagonista, por exemplo, tem sempre algum texto pronto e isso soa meio fake.


A atriz Clarice Falcão, às vezes, perde o timing da piada e se esforça muito para infantilizar o seu personagem. A protagonista aparenta ter 5 anos e claramente possui a mentalidade de uma leitora da "Capricho". No fim das contas, parece que ela saiu de alguma montagem de "O Patinho Feio" e foi direto para o set de filmagens. Só lhe falta a fantasia amarela.


Assim como "Apenas o fim", Eu Não Faço a Menor Ideia é um filme extremamente verborrágico, mas falta um pouco de calma e sutileza. Chega a parecer que o longa foi feito para estrear direto no Youtube. Um bom resumo do trabalho é dizer que ele possui um eterno blá, blá, blá juvenil e parece muito com uma versão de "O Diário de um Banana" para um público de vinte e poucos anos. Mesmo com falhas, o roteiro possui alguns bons momentos e até desperta simpatia na plateia. Julgando pelo seus dois primeiros longas, Matheus Souza terá uma filmografia que habitará por muito tempo a Terra do Nunca. 
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