terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ao Som de Cuba


Antes de começar a discorrer aqui, nesta página, as minhas impressões sobre o nosso filme desta semana, faço uma suplica: que fique escrito e registrado em cartório de uma vez por todas: “todo sonho pode ser realizado, basta acreditar e busca-lo sem temor”. Pronto! Agora já posso escrever meu texto.



Você deve estar se perguntando “que diabos ele está falando?”, bem, é que sonho é o tema de Habana Blues (Cuba/Espanha/França, 2005), longa-metragem do diretor espanhol Benito Zambrano. O filme narra a história de Tito (Roberto Sanmartín) e Ruy (Alberto Joel García Osorio), dois amigos que sonham em viver da música. Apesar de compartilharem o mesmo desejo, suas realidades são diferentes. Ruy vive com sua esposa, Caridad (Yailene Sierra), e seus dois filhos. Mas a relação com sua mulher é conturbada devido a sua infidelidade. Enquanto isso, Tito vive com sua avó, uma ilustre cantora de rádio. Para ele, a grande solução é sair de Cuba e conquistar o mundo com suas músicas.


Neste filme, Zambrano mostra os dois lados da Cuba comunista: a felicidade, espontaneidade e criatividade dos cubanos com seus ritmos, suas cores e suas mas também as mazelas do bloqueio econômico. O interessante é que ele passa longe do discurso político. Não há uma posição defendida sobre o sistema governamental cubano. Isso cabe ao espectador analisar. Desta maneira, retrata as dificuldades da população em viver num regime ditatorial, sem opções e conforto, levando muitos a deixarem o país – legalmente ou não.



Além disso, existe a crítica sobre a arte. Uma dicotomia entre a realidade e o sonho. A realidade seria toda a problemática econômica do povo cubano tais como: infraestrutura precária, transporte público defasado além da escassez de alimentos. O sonho: aposta num futuro melhor proporcionado pela arte. Mas até onde podemos apostar nela? Seria possível, com teatros interditados, viver de arte?


Habana Blues é um drama sutil e delicado. Damos boas gargalhadas, assim como refletimos sobre nossa conduta e o quanto acreditamos em nós. É como nos versos da música “Cansado”, da banda Habana Blues: “Vengo sin lamento, a gritarle a ti los vientos lo que siento/Nunca dejo de soñar, ven conmigo, ven pa´aca”.
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