domingo, 7 de outubro de 2012

Nós, eu e Michel Gondry



Não tem como falar de Nós e Eu ("The We and The I", Estados Unidos / Reino Unido, 2012) sem mencionar o diretor Michel Gondry. Conhecido por "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", "Rebobine, Por Favor" e "Besouro Verde", Gondry talvez revele, nesse filme, sua real essência, que sempre esteve camuflada pelos olhares críticos dos produtores. Apesar de já ter realizado trabalhos com ótimos efeitos especiais, parece que o diretor francês prefere seus efeitos "trash". O filme foi produzido pela Partizan, produtora de Gondry que também possui um canal no youtube onde são divulgados filmes suecados e algumas brincadeiras. Feito sem pretensão nenhuma, Nós e Eu decepcionará os fãs de Michel Gondry, que já não estão muito felizes depois de "Besouro Verde".




Nós e Eu narra o último dia de escola de um grupo de estudantes do Brooklin, mais especificamente, a volta para casa de ônibus. Uma dúzia de personagens desenvolvem a trama. Enquanto, no fundão, os barra-pesada tiram sarro de todo mundo, duas garotas preparam uma festa perto da porta e a motorista tenta melhorar a auto estima de uma gordinha. Um esquisitão tenta chamar uma garota pra sair ao lado de um casal gay que discute sobre uma traição, embalados pela música que dois garotos fazem para o youtube. As histórias vão se cruzando e a cada segredo revelado alguém ri e outro sai magoado. Contada de forma crua, mas divertida, Nós e Eu retrata de maneira realista o drama escolar do Brooklin e de todas as outras cidades do mundo.


Michel Gondry é, sem dúvidas, o diretor que mais conquistou o público cinéfilo indie da classe média. "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" é colocado ao lado de "Laranja Mecânica", "Pulp Fiction" e "Amélie Poulain" para compor os filmes adorados por essa geração. Mas, parece que, a cada novo filme, Gondry vem perdendo o fôlego. "Rebobine, por favor" já não agradou parte dos fãs e "Besouro Verde" menos ainda. Nós e Eu parece ser um filme feito sem muitas ambições, apenas contando o que deveria ser contado, com algumas inserções de efeitos especiais suecados que o diretor tanto gosta. Estaria Gondry perdendo a sua "juventude" ou criatividade? "The Science of Sleep" mostra uma direção engenhosa e lúdica, muito diferente do que é visto na tela de Nós e Eu. Acredito que Michel Gondry perdeu sua chance de fazer um bom filme sem ninguém o censurando. Preferiu narrar uma história sem muitos atrativos e seus insert Gondrianos não acrescentam nada. Espero que esta não seja sua real essência, pois não agrada.



Se esquecermos que este é um filme de Michel Gondry, talvez aproveitaremos mais a película. Com alguns momentos divertidos e ótimas atuações de estreantes, Nós e Eu fala sobre adolescentes reais. Alunos que sofrem bullying, ou não são aceitos, ou fazem amizades falsas existem em todas as escolas. Assistir ao filme e não se identificar, nem gostar de um dos personagens é quase impossível. A lavação de roupa suja é constante, mas quem não gostaria de falar algumas verdades para aquela pessoa que nunca mais vai ver?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...