
Em meio a eleições e mensalões, fui ao cinema assistir o
filme Monty Python – A autobiografia de um mentiroso (A Liar's Autobiography - The Untrue Story of Monty Python's Graham Chapman, Reino Unido, 2011). O filme é uma animação
que mostra a história de Graham Chapman, o único dos Monty Python morto e,
segundo seus companheiros, o melhor deles. Graham era um marginal. Era alcoólatra
e homossexual, numa época em que ambas as coisas ainda não estavam tão na moda.
Ele, sempre com seu inconfundível cachimbo, é um dos responsáveis pela fé que podemos ter na humanidade. É graças a ele
que viver pode fazer algum sentido. Graças a sua inacreditável inteligência. Graças
ao seu humor fora de série. Se, por acaso, você sentir dúvida depois de assistir
algum jornal televisivo sangrento, lembre-se de Chapman. Lembre-se dos Monty Python. Lembre-se: Always Look On The
Bright Side Of Life.
O filme não só é pautado na vida de Chapman. John
Cleese, seu cúmplice desde o começo (e meu preferido do grupo), também tem um
papel forte nessa história. Quando tudo parece perdido na vida de Chapman, Cleese
está lá e estende um braço ao velho amigo. Em 1989, num encontro organizado
pelos Monty Python para lamentar a morte de Graham, John Cleese faz um dos discursos
mais emocionantes e geniais que já se teve notícia no mundo. Você pode
acompanhar parte disso nos créditos do filme. Depois, quando as luzes
acenderem, você terá suas energias renovadas e pode até continuar de bom humor para discutir as eleições deste ano.
Um dos pontos interessantes do longa, que vale a pena chamar
atenção, é a forma como o documentário conseguiu não mergulhar cegamente no
universo do Monty Python. Ao falar dos filmes, por exemplo, não tem qualquer
clima de idolatria. Pelo contrario, vemos Chapman em sua pior fase com as
bebidas nos sets de "Em Busca do Cálice Sagrado" (este que já vi ser considerado
por listas não oficiais como o filme mais engraçado de todos os tempos). Corre
a história, inclusive, de que Chapman quase não conseguiu fazer algumas cenas
desse filme tal era seu estado. Em "A Vida de Brian" (o preferido de muitos),
já o vemos curado, mas ainda assim decadente, com
dificuldades em dublar, chorando por alguns dólares.
Portanto, se suas energias estiverem se esgotando, se você
por algum minuto estiver cansado, lembre-se do filme sobre
aquele-cara-dos-Monty-Python que está passando no Festival do Rio. Depois
disso, talvez, um possível “equívoco” de um juiz federal de nome russo não te
tire tanto do sério. Lembre-se: Always Look On The Bright Side Of Life.
