"Ambição" é a palavra chave de Uma História de Amor e Fúria (Brasil, 2012). O filme, que demorou 6 anos para ficar pronto, é um longa atípico na filmografia brasileira. O diretor Luiz Bolognesi ousou fazer uma animação em um país que possui tradição alguma no ramo. Como o próprio cineasta afirmou, o filme enfrentou sérios problemas à procura de profissionais capacitados para a realização de seu projeto.
Uma História de Amor e Fúria ainda conta com outra forte peculiariedade: É uma animação feita para adultos, ao contrário de "O Grilo Feliz" ou até mesmo dos desenhos da "Turma da Mônica". Os pequeninos podem até gostar, mas a história tem doses extremas de violência, sexo, nudez e está longe de possuir a mesma técnica ou o humor de estúdios como a Disney ou a DreamWorks. O filme, na verdade, é mais comparável à série "Animatrix".
Ambicioso, o desenho tenta fazer um breve apanhado sobre importantes episódios da história do Brasil. O romance dos protagonistas começa na época do descobrimento, passa pela ditadura e termina em uma previsão pessimista sobre o futuro do país. Em 2096, estaremos todos enfrentando uma guerra pela posse de um bem precioso: a água. Como a própria produção do longa afirmou, o trabalho possui toda uma "proposta política" e o roteiro é cheio de alfinetadas ao nosso governo.
Selton Mello, um experiente dublador, até que se sai bem vivendo o herói da trama. Infelizmente não podemos dizer o mesmo da talentosa (e simpática) Camila Pitanga. O filme, no fim das contas, é bastante agradável, mas parece que falta um público alvo definido - Não é suficientemente atraente para os adultos e rigoroso demais para os pequenos. O grande mérito da obra é a sua ousadia (e esforço) em criar um gênero pouco explorado no Brasil. O diretor Luiz Bolognesi está fazendo história e seu trabalho já se tornou a primeira animação a disputar o prêmio principal do Festival do Rio. Um grande exemplo de evolução em nosso cinema.
